Quando falo sobre evolução biológica alguns alunos me
questionam sobre a origem do homem. Sempre aparecem as mesmas indagações com
bases criacionistas. É bom lembrar que nenhuma prova de acesso a Faculdades ou
Universidades ou ENEM segue as ideias distorcidas dos criacionistas, portanto,
devo esclarecer alguns pontos.
A pergunta
tradicional é: “O homem veio do macaco?”. O homem não veio de um macaco.
Macacos atuais e o homem seguiram caminhos distintos no processo evolutivo,
portanto, o homem é um tipo de primata como os macacos, existindo um ancestral
comum que não era nem homem nem macaco. Darwin, ao contrário do que muita gente
pensa, nunca disse isto e nenhum pesquisador respeitável pode falar tal coisa.
Alguns pesquisadores evolucionistas, de forma humorada, citam que somos todos
macacos e de certa forma esta brincadeira possui sentido, porque existem muitas
semelhanças morfofisiológicas e genéticas (nosso DNA assemelha-se cerca de 98%
com os chipanzés). Entretanto, é ingenuidade e falta de conhecimento pensar que
os homens de hoje evoluíram dos macacos que existem atualmente.
Um erro
grave é afirmar que “o homem é descendente do macaco” e
discutir “então os macacos não deveriam existir, porque eles evoluíram e viraram
homens”. Esta afirmação e discussão só existem por desconhecimento dos
processos evolutivos. Como já descrito acima, homem e macacos são provenientes
de um ancestral comum que não era nem homem e nem macaco. Este ancestral comum
se multiplicou e seus descendentes se distribuíram pelos ambientes e passaram a
sofrer pressões seletivas diferentes e, com o passar de muito tempo, isolamento
geográfico e reprodutivo, tornaram-se espécies distintas. Portanto, cada
espécie existente hoje, seja homem ou macaco, é a melhor forma desta espécie em
uma contínua evolução.
Alguns,
seguindo esta linha de discussão, apresentam mais um questionamento errado: “Por que os macacos não evoluíram?”
Quem disse que os macacos não evoluíram? Quem disse que determinada espécie precisa
evoluir? As modificações só ocorrem se existir diversidade e uma lenta seleção
natural, onde somente as melhores formas para o ambiente atual sobrevivem. Se o
animal está perfeitamente adaptado para as pressões ambientais que sofre, qual
a necessidade de mudar? Cada macaco está perfeitamente adaptado ao ambiente em
que vive e, comparando com o homem, os macacos são muito mais evoluídos na arte
de escalar árvores e pular de galho em galho.
Outro
questionamento interessante é relativo à observação da evolução humana e dos
macacos. Alguns alunos questionam “se a evolução existe como não podemos
observar as mudanças?” e agregam “Qual o motivo do homem não evoluir mais, já
que sempre observamos o homem como ele é?”. O processo evolutivo não é
um processo rápido. As mudanças são tão lentas que na história humana
registrada seria impossível constatar. Entretanto, com os registros acumulados
poderemos ter, em um futuro distante, dados para comprovar possíveis mudanças
(se elas forem necessárias). A evolução não para, quando necessário, é contínua
e gradual e, portanto, o homem não parou sua evolução. Se considerarmos os
dados científicos, sabemos que em determinada época os peixes foram os
vertebrados dominantes que originaram os anfíbios e, posteriormente, os répteis
que chegaram ao clímax da ocupação ambiental até há cerca de 65 milhões de
anos. Estes animais deram origem às aves e aos mamíferos (o homem Homo sapiens só surgiu há cerca de 200
mil anos). A partir do momento atual, que novas formas de vida podem surgir no
futuro?
Um exemplo
interessante para ilustrar a discussão pode ser obtido no aparecimento de novas
bactérias e vírus. Estes organismos se multiplicam tão rapidamente que a
variabilidade genética é extremamente recombinante, portanto, com pressões
seletivas (usos de drogas e, no caso das bactérias, antibióticos cada vez mais
potentes) ocorrem seleções naturais de forma intensas, sobrevivendo somente as
formas mais resistentes. As sobreviventes passam suas características aos seus
descendentes que vão se reproduzir sexuadamente com outros organismos
resistentes, produzindo novas combinações genéticas que geram, de forma
relativamente rápida, novas espécies.
Espero ter
esclarecido alguns pontos de vista equivocados, mostrando de forma simples
aspectos evolutivos que são temas rotineiros de provas. Estou sempre disposto a
discutir estes assuntos, bastando entrar em contato comigo através deste blog.
Edson Perrone